Alice Frank-Stern, avó de Anne, trabalhando como enfermeira durante a Primeira Guerra Mundial, num hospital militar.
O pai de Anne, Otto Frank (à esquerda) e o seu tio Robert como oficiais alemães na Primeira Guerra Mundial.
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) termina com a derrota da Alemanha. O Tratado de Versalhes impõe a esse país o pagamento de grandes indenizações de guerra. Milhões de pessoas perdem seus empregos e vivem em condições de extrema pobreza. Muitos alemães se sentem amargurados e nutrem sentimentos de vingança.
Uma coleta de dinheiro para crianças carentes em Berlim, em novembro de 1920.
Crianças brincando com uma pilha de cédulas. Após a reforma monetária em 1923, o dinheiro perde eu valor.
Em 1924, após um falido golpe de estado, Adolf Hitler é condenado a cinco anos de prisão. Durante o tempo em que está preso ele aproveita para escrever um livro onde relata suas ideias – “Mein Kampf”– (Minha Luta). O livro é publicado e ganha enorme popularidade.
O casamento de Otto Frank e Edith Holländer em 12 de maio de 1925.
Há muitas gerações as famílias Frank e Holländer moram na Alemanha. A família Frank é uma família de judeus liberais. Eles se sentem ligados à religião judaica, mas não são religiosos rigorosos. Em 1930 cerca de 1% da população alemã, o que corresponde a mais de 500.000 pessoas, é judia.
“Meu pai, o pai mais adorável que eu já vi em minha
vida, casou-se
com minha mãe quando
já tinha 36 anos e ela 25.”
[ Anne Frank ]
O NSDAP (Partido Nacional Socialista Alemão), um partido dissidente dirigido por Adolf Hitler esponsabiliza os judeus por todos os problemas econômicos que a Alemanha está passando. Os membros da NSDAP passam a ser chamados de nazistas.
Adolf Hitler na convenção anual de seu partido em Nuremberg, 1927.
A convenção anual do NSDAP em Nuremberg, 1929.
A casa onde Anne Frank nasceu – Rua Marbachweg, nº 307 em Frankfurt am Main (Alemanha).
“My sister Margot was born in Frankfurt am Main in Germany in 1926. I was born on 12th
June 1929.”
[ Anne Frank ]
Em 1929 eclode uma crise econômica mundial. A Alemanha é fortemente atingida. Adolf Hitler também afirma ter a solução para o desemprego e a pobreza. Ele ganha cada vez mais adeptos. Nas eleições de 14 de setembro de 1930 18,3% dos alemães votam no partido nacional socialista NSDAP.
Adolf Hitler com seus seguidores em Munique por volta de 1930.
Desempregados na fila da agência de emprego em Hanover, primavera de 1932. No muro está escrito: “Vote em Hitler”.
Otto com Margot e Anne, 1931.
Um bairro pobre em Berlim, 1932. Na rua moram comunistas e nacional-socialistas. Na parede lê-se: “Aqui definham lentamente as nossas crianças”.
Em 1932, quase seis milhões de alemães estão desempregados. Cada vez mais, alemães se sentem atraídos pelos partidos radicais e antidemocráticos. Tanto os comunistas como os nacional-socialistas prometem a solução para todos os problemas. As divergências políticas muitas vezes são discutidas na rua.
Otto, Edith and Margot em um piquenique, em 1932. Os nomes das garotas à frente são desconhecidos.
Membros da SA marcham em Berlim, 1932. A SA (Sturmabteilung – Tropas de Assalto) foi uma espécie de exército do NSDAP.
“Lembro-me que já em 1932 grupos da SA marchavam e cantavam: ”Quando espirrar sangue dos
judeus por estas facas”. Aquilo ficou muito claro para todos nós. Imediatamente falei com minha
esposa: 'Como é que vamos sair daqui?'. Mas, no final a pergunta que nos fazíamos era: Como
iremos nos sustentar se partirmos e abandonarmos tudo?”.
[ Otto Frank ]
Os nazistas têm em 1932 ainda muitos adversários.
Esta é uma manifestação contra o NSDAP em Berlim.
Eleição Presidencial em março de 1932. Berlinenses olhando para o cartaz eleitoral do NSDAP aonde se lia o seguinte texto:
“Hitler: nossa última esperança”. O partido arrebanha cada vez mais adeptos.
Em 30 de janeiro de 1933, Adolf Hitler torna-se líder do governo alemão. Os novos detentores do poder não tardam em deixar claro as suas verdadeiras intenções. As primeiras leis antissemitas são aprovadas e faz-se uma cruel perseguição aos judeus na Alemanha.
Membros da SA marcham por Berlim, 03 de março de 1933.
Anne, Edith and Margot Frank, 10 de março de 1933.
A loja de departamentos Tietz em Frankfurt (Alemanha) tinha uma cabine de foto na qual você podia se pesar e ao mesmo tempo tirar uma foto tipo passaporte. Juntas, elas pesavam pouco menos de 110 kilos.
Os nazistas começam a perseguir não somente os judeus, mas também seus adversários políticos. Especialmente os comunistas e sociais-democratas que acabam presos em campos de concentração.
Comunistas e sociais-democratas presos em um quartel em Berlim, março de 1933.
“Quando muitos dos meus colegas alemães se transformaram em barreiras nacionalistas,
cruéis criminosos antissemitas, eu tive que encarar os fatos e, embora isto me entristecesse,
percebi que a Alemanha não era o mundo e então deixei meu país para sempre.”
[ Otto Frank
]
Em 23 de março de 1933, o Parlamento aprova que Hitler governe sem a necessidade dos representantes do povo. Apenas os sociais-democratas, que ainda não foram presos ou refugiados, votam contra. Nesta altura, o partido comunista já estava proibido.
A partir de 01 de abril de 1933, os nazistas organizam um boicote contra advogados, médicos, lojas e armazéns de origem judia. Funcionários públicos e docentes judeus são demitidos. A violência dos nazistas contra os judeus é amplamente noticiada na mídia estrangeira. Os nazistas afirmam que se trata de propaganda judaica.
Dois homens SA em frente a uma loja de roupas em Berlim, 01 de abril de 1933.
Enquanto Otto Frank está ocupado em iniciar o seu negócio em Amsterdã, Anne e Margot vivem com sua mãe na casa de sua avó Holländer em Aachen. Edith Frank viaja regularmente para Amsterdã para encontrar um imóvel para morarem.
Os nazistas começam a proibir certo tipo de arte, literatura e música. Em maio de 1933 livros são queimados em público. Seus autores, entre eles muitos judeus, são rotulados como “não alemães”. Muitos deles fogem para o exterior.
Queima de livros em Opernplatz, Berlim, 10 de maio de 1933.
Um grande protesto do NSDAP contra o tratado de Versalhes em Berlim, 28 de junho de 1933.
Na Alemanha “o sossego e a ordem” retornam. A riqueza aumenta. Os nazistas dão muita atenção à educação e à formação, para transformar a juventude em bons nazistas. A mídia (rádio, jornais, filmes) divulga apenas ideias nazistas. Muitos se deixam impressionar pelas organizadíssimas manifestações em massa.
Adolf Hitler faz um discurso para os membros da SA em Dortmund, Alemanha, 09 de julho de 1933.
“Por sermos judeus, meu pai emigrou para a Holanda em 1933. Ele tornou-se diretor da
companhia holandesa Opekta, que produz ingredientes para fazer geleia.”
[ Anne Frank
]
Otto Frank, sua secretária Miep Gies e o funcionário Henk van Beusekom (à direita) na sede da empresa em 1934. Sua empresa vende Opekta, uma pectina usada para fabricação de geleias.
Margot e Anne com suas amigas Ellen Weinberger (a segunda, a partir da esquerda) e Gabrielle Kahn (à direita). A foto foi tirada na casa da família Kahn em Amsterdã, em 1934.
Pedestres em Berlim olham um cartaz do partido nazista, em agosto de 1934, com o texto “Führer, nós vamos segui-lo! Todos te dizemos sim!”
Na Alemanha, a democracia é abolida. No decurso de 1933, todos os partidos são proibidos. O NSDAP é o único partido que é permitido.
Ao final de 1933, a família Frank mudou-se para Merwedeplein, um novo bairro residencial, situado zona sul de Amsterdã. Muitos dos refugiados oriundos da Alemanha nazista se estabeleceram nos arredores. A partir de 1933, não há mais nenhum membro da família próxima de Otto Frank vivendo na Alemanha.
Adolf Hitler inaugura a autoestrada de Frankfurt à Darmstadt, 19 de maio de 1935.
Os desempregados são postos a trabalhar na construção de rodovias, prédios do Governo e obras públicas. Hitler também dá início à criação de uma indústria bélica e de um grande exército. A taxa de desemprego cai drasticamente.
Mulheres entusiasmadas saúdam Adolf Hitler em Bückeberg, perto de Hamelín, Alemanha, em 1935.
É grande o entusiasmo por Hitler e pelo seu partido. Há alguns opositores, mas, a maioria se mantém calada com medo da violência e da prisão. As medidas antissemitas são aceitas como algo inevitável, produzindo pouca resistência.
Os nazistas querem ter controle total sobre a educação da juventude. As atividades destinadas aos rapazes adquirem um caráter militar. As moças são preparadas para a maternidade e as atividades domésticas.
Um cartaz da Juventude Hitlerista com os textos: “A Juventude serve ao Líder” e “Todas as crianças de 10 anos na HJ (Juventude Hitlerista).”
Anne na escola Montessori, 1935.
Um grupo de meninas alemãs de Heldenbergen posa orgulhosamente com a bandeira da suástica, 1935.
Na imagem está também Lilli Eckstein. Seis meses depois, ela foi expulsa da escola por ser judia.
Anne, 1935.
Uma visão geral da “diferença racial” de acordo com as “leis raciais” de Nuremberg, 1935.
Os nazistas classificam as pessoas Segundo as “raças”. O ideal de Hitler era a criação de um povo alemão de “raça pura”. Segundo ele, a raça alemã “ariana” é a melhor de todas. Em 1935 são instituídas “leis raciais” na Alemanha. Somente alemães que tenham o chamado “sangue alemão” são considerados cidadãos de plenos direitos. Todos os outros têm menos direitos.
Anne, Dezembro de 1935.
“Estudos Raciais” junto à população Sinti e Roma, também denominada “ciganos”.
Este povo tornou-se o alvo do racismo político dos nazistas e muitos foram mortos em campos de concentração. As estimativas apontam entre 220.000 e 500.000 vítimas.
Em uma faixa em Rosenheim (Alemanha) está escrito: "Judeus não são bem-vindos aqui".
Os nazistas não só menosprezam os judeus, mas também os consideram perigosos. Os nazistas têm a ilusão de que "os judeus" dominam o mundo e que o seu objetivo é destruir a chamada "raça ariana". São crescentes as limitações impostas aos judeus. Tudo isso com uma única finalidade: isolar a população judaica da não judaica.
Os nazistas também menosprezam as pessoas negras. Na Alemanha viviam na década de trinta cerca de 20.000 negros. Em 1937, 385 crianças negras são secretamente esterilizadas.
A filha de uma mulher alemã e um soldado franco-africano que estava servindo na Renânia, Alemanha.
Otto e Edith Frank conhecem outros refugiados vindos da Alemanha. Eles encontram Hermann e Auguste van Pels com seu filho Peter, que depois se tornariam os outros escondidos. A família Van Pels fugiu de Osnabrück em 1937. Hermann van Pels torna-se sócio na firma de OttoFrank.
Peter van Pels (ao centro) com seus amigos do clube de escoteiros judeus em Osnabrück na Alemanha. (1936)
Anne com suas amigas em uma caixa de areia, julho de 1937. Da esquerda para a direita: Hannah Goslar, Anne Frank, Dolly Citroen, Hannah Toby, Barbara e Sanne Ledermann.
Anne durante um acampamento de férias para crianças de centros urbanos, em Laren, perto de Amsterdã, em 1937.
Na noite de 09 para 10 de novembro de 1938, os nazistas organizam um pogrom contra os judeus. Durante este pogrom, 177 sinagogas são destruídas, 7.500 lojas são devastadas e mais de 100 judeus são assassinados. Estanoitepassaaserconhecidacomo “Noite dos Cristais”.
Sinagoga em chamas em Frankfurt am Main durante a “Noite dos Cristais”.
Na manhã de 10 de novembro, transeuntes observam uma loja destruída na Potsdamer Strasse, em Berlim.
O conceito “Noite dos Cristais” refere-se aos vidros quebrados na noite anterior.
“Vivíamos com certa ansiedade, já que nossos parentes que permaneceram na Alemanha não
ficaram salvos das leis de Hitler contra os judeus. Após os pogroms em 1938, os meus dois tios,
irmãos de minha mãe, fugiram e chegaram salvos na América do Norte. A minha idosa avó veio morar
conosco. Ela tinha, na época, setenta e três anos”.
[ Anne Frank ]
Mais de 30.000 judeus são presos e levados para campos de concentração. Dão-se conta do grande perigo somente agora e muitos judeus decidem abandonar a Alemanha. Mas, cada vez mais países fecham as fronteiras aos refugiados.
Prisão de Judeus em Oldemburgo (Alemanha) após a “Noite dos Cristais”.
Ruth Ehrmann, professora da escola Kaliski em Berlim se despede de um estudante que está partindo com sua família da Alemanha.
Como os tios de Anne, Fritz Pfeffer – que mais tarde se junta à família Frank no esconderijo – foge da Alemanha logo depois da “Noite do Cristal”. Em Amsterdã, ele rapidamente passa a integrar o círculo de amizades da família Frank.
Fritz Pfeffer com sua namorada não judia Charlotte Kaletta, 1939.
Cada vez mais países fecham as fronteiras aos refugiados. Às vezes as crianças ainda são autorizadas a entrar, já seus pais não têm a mesma sorte.
Chegada de crianças judias refugiadas à Inglaterra.
Vovó Holländer foge em março de 1939 para Amsterdam e passa a morar com a familia Frank. Ela morre em 29 de janeiro de 1942.
Anne, 1939.
No dia 1° de setembro de 1939 o exército alemão invade a Polônia. Um grande número de poloneses na linha de frente é assassinado. Na Europa Ocidental pouco se sabe acerca das atrocidades cometidas na Polônia.
Varsóvia, 14 de setembro de 1939. Crianças polonesas olham com medo para os aviões alemães que atacam a cidade.
Por trás da frente de combate na Polônia, começa imediatamente o terror contra os judeus. Os judeus são humilhados e espancados na rua. Os ocupantes organizam pogroms onde milhares de judeus perdem a vida.
Um homem judeu é humilhado pelo Serviço de Segurança (SD) em Varsóvia (Polônia), outubro de 1939.
Para evitar o “enfraquecimento da raça”, em 1939, Hitler dá ordem de matar os inválidos. Mais de 100.000 inválidos são assassinados.
Um cartaz com propaganda do NSDAP de 1938 aponta para o suposto alto custo que envolve a assistência com os inválidos.
Na Alemanha e na maior parte dos territórios ocupados, os judeus são obrigados a usar uma estrela de Davi.
Assim que os nomes e endereços dos judeus são identificados e registrados, o próximo passo é o isolamento. Os nazistas, cada vez mais e a um ritmo cada vez maior, tomam medidas contra os judeus, que surtem o efeito desejado: Muitos não judeus não têm mais coragem de se relacionar com judeus, e vice-versa.
Uma foto de escola de 1940 com Anne, sua professora e duas colegas de classe. Da esquerda para a direita Martha van den Berg, professora Margaretha Godron, Anne e Rela Salomon.
“Após maio de 1940 foram-se acabando os bons tempos: primeiro a guerra, depois a
capitulação, em seguida a entrada dos alemães e então, a desgraça para nós, judeus,
começa.”
[ Anne Frank ]
A entrada das tropas alemãs em Amsterdã, próximo da firma de Otto Frank. (16 de maio de 1940).
Otto e Edith esperam que a Holanda fique fora da guerra. Porém em 10 de maio de 1940, o exército alemão invade também a Holanda. Bélgica e França também são ocupadas pelo exército alemão. Em contraste com a Polônia, os nazistas consideram a população não judaica desses países como “povos irmãos” e, portanto, passam a não cometer as mesmas atrocidades infligidas ao povo polonês.
Margot (atrás, à esquerda) em um passeio com integrantes do movimento jovem sionista Maccabi Hatzair, em 1941. Ela passou a integrar o movimento em 1940.
Já no primeiro ano de ocupação, os nazistas iniciam as investigações para identificar e registrar os judeus. Após um ano, o invasor já dispunha dos nomes e endereços da maioria dos judeus que estavam vivendo na Holanda.
No outono de 1940, nazistas holandeses marcham pelo bairro judaico de Amsterdã. Frequentemente, eles procuram brigas com os judeus.
Anne (a segunda, a partir da esquerda) no parque Vondelpark em Amsterdã, no inverno de 1940-1941.
Patinação artística (no gelo) era a sua grande paixão. Esta é a única foto de Anne patinando que restou.
Em fevereiro de 1941, na Holanda, acontece o primeiro confronto público entre a população e os invasores.
Durante uma batida policial em Amsterdã, 427 homens judeus são presos e levados para o campo de concentração de Mauthausen. Em protesto contra a perseguição aos judeus, a população de Amsterdã e região entra em greve. Porém, após dois dias a greve é encerrada violentamente.
A família Frank na Praça Merwedeplein, maio de 1941.
Uma piscina, 1941. No aviso lê-se: "Não são permitidos judeus".
No Leste da Europa, Unidades Especiais de Comando (Einsatzgruppen) têm a tarefa de matar o maior número possível de judeus. No espaço de um ano, estima-se que cerca de um milhão de homens, mulheres e crianças tenham sido executados.
Depois das férias de verão de 1941, crianças judias devem ir para escolas separadas das crianças não judias. Anne e Margot vão para o Liceu judaico. Além disso, os judeus não podem ter mais seu próprio negócio. Portanto, Otto Frank nomeia Johannes Kleiman como diretor, mas permanece ativo nos bastidores. A empresa também recebe um nome diferente, Gies & Co., de Jan Gies, o marido de Miep Gies.
“Anne no último ano letivo na escola Montessori.”
As medidas antissemitas se encaixam no plano de Hitler: todos os 11 milhões de judeus na Europa deverão ser mortos. Durante a “Conferência de Wannsee” o plano é desenvolvido em segredo máximo por funcionários públicos de alto escalão. Isso acontece em janeiro de 1942.
As atas da Conferência de Wannsee foram preservadas. Nesta página podemos ver uma estimativa do número de judeus na Europa.
Os judeus não podem desconfiar de nada. Supostamente terão que ir para campos de trabalho. Na verdade serão levados para campos de extermínio. Estes campos são construídos na Polônia. Especialmente projetados para rapidamente, e com eficiência, matar e queimar o maior número de pessoas.
No verão de 1942 começam as deportações em grande escala. A maioria dos judeus é assassinada logo após o desembarque. Os outros são obrigados ao trabalho árduo e acabam morrendo de esgotamento.
Durante a Conferência de Wannsee, Adolf Eichmann é nomeado responsável por organizar a deportação de todos os judeus europeus para os campos de extermínio.
“A uma lei antissemita seguia-se outra e a nossa liberdade foi seriamente limitada. Os
judeus são obrigados a usar uma estrela de Davi na roupa; os judeus são obrigados a entregar as
suas bicicletas; os judeus não podem andar nos bondes; os judeus não podem andar de automóvel,
nem mesmo nos particulares; os judeus só podem fazer compras das 15 às 17 horas; os judeus só
podem ir a barbeiros judeus; os judeus não podem sair na rua das 20 horas até às 6 horas da
manhã.”
[ Anne Frank ]
É extremante perigoso e um risco de vida protestar contra a política nazista. Alguns poucos têm essa coragem. Um grupo de estudantes, sob o codinome “A Rosa Branca”, distribui panfletos. Eles são traídos e delatados, sendo alguns dos integrantes do grupo condenados à morte em 1943. Uma das citações de um dos panfletos:“Nós não nos calaremos, nós somos sua consciência culpada. A Rosa Branca não os deixará sossegados!”.
Os integrantes da “Rosa Branca” Da esquerda para a direita: Hans Scholl, Sophie Scholl e Christoph Probst.
A partir de 03 de maio de 1942, todas as crianças judias maiores de seis anos na Holanda têm obrigação de usar uma estrela de David em sua roupa.
“Eu espero que a você eu possa tudo confiar, como nunca confiei a ninguém e espero também que você venha a ser um grande amparo para mim.”
Anne anota isso na primeira página do diário que ganhou de presente de aniversário quando completou 13 anos, no dia 12 de junho de 1942.
Ela escreve cartas para uma amiga imaginária chamada Kitty. Ela escreve sobre a escola, sobre seus amigos e sobre a sua vida até aquele momento. Ela não consegue prever que três semanas depois a sua vida mudará completamente.
Três semanas após o aniversário de Anne, no dia 05 de julho de 1942, Margot recebe uma convocação para se apresentar às autoridades alemãs. Ela é convocada para um campo de trabalho na Alemanha.
“Eu levei um grande susto; uma convocação da polícia alemã, todo mundo sabe o que isto
significa; surgiram na minha mente campos de concentração e celas solitárias.”
[ Anne Frank
]
Para os pais de Anne, a convocação não é uma surpresa. Desde a primavera de 1942, Otto Frank toma providências para morar clandestinamente com a sua família nos fundos da casa onde sua firma se encontra localizada, no Canal Prinsengracht. Só os seus colaboradores de maior confiança estão por dentro destes planos.
Judeus convocados recebem um formulário com a lista dos itens que poderão levar consigo para o “campo de trabalho.”
A maioria das pessoas não possui um esconderijo tão confortável como o da família Frank. Estas têm que se esconder em espaços pequenos, atrás de paredes ou embaixo de assoalhos.
A família Frank decide ir para o esconderijo no dia seguinte. Miep Gies e outros ajudantes levam ainda na mesma noite o máximo de coisas para a morada clandestina.
Anne e Margot em maio de 1942. Estas são, provavelmente, as últimas fotos que foram tiradas de Anne e Margot.
As circunstâncias em que as pessoas passam a se esconder são diferentes de um indivíduo paraoutro. A maioria das famílias se desintegra e inúmeras pessoas vagam de um lugar para outro, completamente dependentes da ajuda dos outros. É mais fácil encontrar um esconderijo para crianças do que para adultos. A maioria destas crianças não tornará a ver seus pais novamente.
Em 13 de julho de 1942, a família Van Pels se junta à família Frank e, em novembro de 1942 os escondidos e seus ajudantes decidem que ainda há lugar para uma oitava pessoa: Fritz Pfeffer.
Estas oito pessoas vivem no Anexo até 04 de agosto de 1944, isoladas do mundo exterior. Um tempo de medo e grandes tensões, mas também de brigas e tédio. Quatro colaboradores da maior confiança de Otto Frank suprem os oitos escondidos com alimento, roupas e livros.
O edifício da empresa de Otto Frank no Canal Prinsengracht. Ao fundo, o Anexo que serviu de esconderijo.
1 Estante (giratória) de
livros
2 Quarto de Anne e Fritz Pfeffer
3 Quarto de Otto,
Edith e Margot
4 Quarto de Hermann e Auguste van Pels, também compartilhado
como sala de estar e jantar
5 Quarto de Peter van
Pels
6 Banheiro
7 Sótão
8 Armazém
9 Escritório onde os
ajudantes trabalham
10 Estoque
Uma estante de livros giratória esconde a porta de acesso ao Anexo.
Durante o dia, enquanto se trabalha na empresa, os escondidos devem ficar em silêncio. Os funcionários do armazém não sabem de nada. Como o esgoto do banheiro passa pelo armazém, eles devem usar a descarga o menos possível. Todas as janelas são cobertas com panos para que os vizinhos nada possam ver. Nestas horas de silêncio, Anne estuda, faz joguinhos com os outros e escreve em seu diário.
Otto Frank, Edith Frank-Holländer, Margot Frank, Anne Frank, Herman van Pels, August van Pels-Röttgen, Peter van Pels e Fritz Pfeffer.
Miep Gies-Santrouschitz, Victor Kugler, Bep Voskujil e Johannes Kleiman.
Os ajudantes tentam dar coragem aos escondidos. Também cuidam da comida, livros, jornais e revistas. Anne adora a revista “Cinema e Teatro”.
“O Anexo é ideal como um esconderijo, embora úmido e for a de esquadro. Não deve haver
em toda Amsterdã, talvez nem mesmo em toda a Holanda, algo tão confortável para aqueles que se
escondem.”
[ Anne Frank ]
O quarto de Anne e Fritz Pfeffer. Ela cobriu as paredes de fotos recortadas de revistas.
Alguns anos atrás, para a gravação de um filme, o Anexo foi mobiliado conforme teria sido na época do esconderijo.
No verão de 1943, Anne descobre que gosta de escrever e que faz isso muito bem. Quase diariamente Anne escreve sobre o que pensa, sente e vive. Já após alguns meses seu diário está cheio. Ela continua a escrever em cadernos que ganha de Bep. Além disso, Anne escreve também contos que, às vezes, lê para os outros escondidos.
“Será que um dia me tornarei jornalista e escritora? Eu espero que sim. Oh! Espero
tanto, pois na escrita posso registrar tudo: meus pensamentos, meus ideais e minhas
fantasias.”
[ Anne Frank ]
O quarto de Otto, Edith e Margot Frank.
Durante o dia, Anne passa a maior parte do tempo neste cômodo, já que Fritz Pfeffer fica no pequeno quarto que ambos dividem.
Anne e Peter van Pels passam, frequentemente, momentos juntos no quarto dele. Anne se apaixona por Peter. É dele que ela ganha seu primeiro beijo.
Uma batida policial em Amsterdã, 26 de maio de 1943.
Os escondidos ouvem que do lado de fora há uma cicada aos judeus. Anne fica sabendo que amiguinhas e colegas de classe foram capturados. Primeiro os ajudantes ainda contam sobre tudo que acontece. Depois não mais.
“Aflige-me, mais do que posso expressar, a ideia de que nunca podemos sair na rua. Tenho
medo que nos descubram e nos fuzilem.”
[ Anne Frank ]
Os escondidos escutam no rádio sobre a gaseificação. Sentem medo e se sentem impotentes. Anne não suporta isso. Ela reage muitas vezes com rebeldia e grosseria aos outros. Muitas vezes está deprimida e triste. Sobre muitas coisas ela não consegue falar muito bem com os outros. O seu diário é a sua melhor amiga.
“Ninguém escapa desse destino, a menos que se esconda. Ninguém é poupado: idosos,
crianças, bebês, grávidas, doentes, todos, sem exceção, marcham juntos para o caminho da
morte.”
[ Anne Frank ]
Todos os dias, os escondidos ouvem o rádio e leem bastante jornal. Eles têm várias hipóteses sobre o que vem acontecendo com os judeus no leste europeu.
Mapa com alguns dos maiores campos de concentração e de extermínio. Neste mapa figuram as fronteiras de algumas nações em 1939. Depois da guerra, as fronteiras de alguns países mudaram.
“A Hungria foi ocupada pelas tropas alemãs. Há ainda um milhão de judeus que vivem lá e
que agora, com certeza, estarão condenados.”
[ Anne Frank ]
Judeus húngaros, selecionados para a câmara de gás, na plataforma de trem de Auschwitz.
Latas de “Zyklon B”, gás mortal que se utilizava nas câmaras de extermínio.
Os prisioneiros que não são mortos imediatamente são tatuados com um número de identificação em seus braços. Seus cabelos são raspados e eles recebem roupas de trabalho e são enviados a um campo de concentração.
O registro de uma jovem mulher recém-chegada em Auschwitz.
Anne com frequência senta no sótão do Anexo. Onde pensa sobre si mesma e sobre o mundo ao seu redor.
“Essas são as dificuldades em tempos como este: sonhos, ideais e esperanças que não se
concretizam ou, são atingidos pela mais cruel realidade e assim destruídos. É um grande milagre
que não desisti das minhas esperanças, pois parecem absurdas e impraticáveis. Mesmo assim as
mantenho, apesar de tudo, pois ainda creio na bondade interior das pessoas. Para mim é
impossível construir tudo baseado na morte, desgraça e confusão. Eu vejo como o mundo é
lentamente transformado em um deserto, ouço a chegada de um trovão, que também nos matará, sinto
a dor de milhões de pessoas, e mesmo assim, quando olho para o céu, penso que isso tudo se
reverterá ao bem, que também essa crueldade acabará e que voltará a tranquilidade e a paz
mundial. Enquanto isso, tenho que manter firme meus ideais. Talvez nos tempos que estão por vir
seja possível realizá-los.”
[ Anne Frank ]
No dia 28 de março de 1944, ela ouve de uma rádio inglesa que o governo holandês quer recolher diários após a guerra. Ela decide que vai reescrever o seu diário, para que após a guerra possa ser editado como um livro. Ela também já sabe seu título: “O Anexo”.
Em 06 de junho de 1944 desembarcam as tropas aliadas nas praias da Normandia, França. Seu objetivo era a libertar a Europa dos nazistas. Este dia passou a se chamar “Dia D”.
“‘This is the day’”! A invasão começou! (...) Todos estão comovidos no Anexo! Terá
chegado, enfim, o dia da tão esperada libertação? A libertação da qual tanto tem se falado, mas,
que chega a parecer um conto de fadas e demasiado boa para tornar-se realidade algum dia? Irá
este ano de 1944 nos trazer a vitória? Nós também ainda não sabemos... Porém, onde há esperança,
hávida.Eestamesmaesperançaéoquenos enche de coragem e nos fortalece novamente. (...) “Talvez,
disse Margot, eu possa até voltar à escola em setembro ou outubro.”.
[ Anne Frank
]
Na sexta-feira de 04 de agosto de 1944, um carro para em frente à firma, situada no Canal Prinsengracht. Alguns homens armados descem e entram no prédio. Alguém ligou para a polícia com a informação de que “lá se encontram judeus!”. Karl Josef Silberbauer, um nazista austríaco, tem a liderança. Os outros são policiais holandeses. Os escondidos são completamente surpreendidos. Têm tempo somente para arrumar uma bolsa. Silberbauer apanha uma pasta, esvazia a mesma para guardar jóias e dinheiro. As folhas de papel do diário de Anne caem no chão.
Karl Josef Silberbauer é rastreado em 1963 e localizado em Viena, onde trabalha como policial. Ele é suspenso, mas após declarer não saber quem foi o traidor, ele pode retornar ao trabalho. Nunca foi esclarecido quem, na época, avisara a polícia.
Os escondidos são levados para a Delegacia da Polícia Alemã e depois para a prisão em Amsterdã.
Algumas horas depois, Miep Gies e Bep Voskuijl voltam ao esconderijo. Lá encontram as folhas do diário de Anne. Elas os levam consigo e Miep os guarda na gaveta da sua escrivaninha.
Quatro dias depois são levados de trem para o campo de passagem de Westerbork em Drenthe.
“Embora todos nós tivéssemos que trabalhar no campo, à noite estávamos livres e podíamos
ficar juntos. Especialmente para as crianças foi, de certa forma, um alívio não ficarem presas
por muito tempo e poderem falar com outras pessoas.”
[ Otto Frank ]
Westerbork é um campo para onde quase todos os judeus capturados na Holanda são levados inicialmente. Em Westerbork há milhares de prisioneiros.
Os escondidos são alojados em barracas especiais para condenados porque não haviam se manifestado voluntariamente para a deportação. Com frequência, parte um trem lotado de judeus para o leste.
O cartão de Anne Frank da administração de Westerbork.
“Os adultos temiam a deportação para os infames campos de extermínio na Polônia.
Infelizmente, isso aconteceu de fato no dia 03 de setembro de 1944. Foi durante essa jornada
terrível – três dias fechados em carros projetados para o transporte de gado – que eu estive
junto com minha família pela última vez. Todo mundo tentou ser o mais corajoso possível para
manter o ânimo.”
[ Otto Frank ]
Com frequência, parte um trem lotado de judeus para o leste. Os presos são trancados em vagões de mercadorias. Cerca de 70 pessoas são forçadas a viajar em um único vagão. A viagem dura três dias, sem lugar para dormir, quase sem comida ou água e um balde servindo como banheiro.
Após quatro semanas, também Anne e os outros escondidos devem ir com o ultimo trem que parte de Westerbork para Auschwitz. Em 03 de setembro de 1944, o trem parte com 1019 pessoas.
As listas de transporte foram preservadas. Nestas páginas estão os nomes de Anne e dos outros escondidos do Anexo.
Os prisioneiros são separados imediatamente após sua chegada aos campos de extermínio. Mulheres grávidas, crianças menores de quinze anos, idosos e enfermos são, em sua maioria, no mesmo dia assassinados e cremados. Os outros são forçados a trabalho duro e desumano.
“Eu não quero mais falar sobre o que senti quando, na chegada à plataforma de Auschwitz,
a minha família foi separada”.
[ Otto Frank ]
Na noite de 06 de setembro o trem chega em Auschwitz. Os presos devem deixar a sua bagagem no trem. Na plataforma homens e mulheres são separados. Esta é a última vez que Otto vê Edith, Margot e Anne.
Como o exército russo está avançando, os nazistas começam a esvaziar Auschwitz. Após dois meses, Anne e Margot são transferidas para o campo de concentração de Bergen-Belsen.
(As fronteiras são de 1939. Após a guerra, as fronteiras de alguns países mudaram).
Hannah, a amiga de escola de Anne, está numa outra parte de Bergen-Belsen. Elas conseguem falar uma com a outra, porém, estão separadas por uma cerca de arame farpado e palha e assim não conseguem se ver. Anne conta que ela e a Margot estão com fome e não têm roupas quentes. Hannah joga por cima da cerca um pacote com roupas e um pouco de comida.
Mas, Margot e Anne estão no limite de suas forças. As duas adquirem tifo. Em fevereiro de 1945, uma falece logo após a outra.
No dia 15 de abril de 1945, Bergen-Belsen é libertado pelo exército britânico. Os soldados britânicos ficam profundamente chocados com o que encontram.
“Não era a mesma Anne que eu conhecera. Era uma menina quebrada. (...) Foi horrível. Ela
começou a chorar imediatamente, e me disse: 'Não tenho mais pais.' (...) Sempre penso que, se
Anne soubesse que o pai ainda estava vivo, ela teria tido mais forças para sobreviver.”
[
Hannah Goslar ]
Otto Frank é o único sobrevivente dos escondidos. Ele é libertado, pelo exército russo, em 27 de janeiro de 1945, em Auschwitz.
Edith Frank morre de esgotamento em 06 de janeiro de 1945, em Auschwitz.
Margot Frank morre de tifo no final de fevereiro de 1945, em Bergen-Belsen.
Anne Frank também morre de tifo, poucos dias depois de Margot, em Bergen-Belsen.
Hermann van Pels morre na câmara de gás, pouco tempo depois de sua chegada (outubro ou novembro de 1944), em Auschwitz.
Auguste van Pels morre no caminho para o campo de concentração Theresienstadt, em abril ou maio de 1945.
Peter van Pels morre em 05 de maio de 1945 no campo de concentração Mauthausen.
Fritz Pfeffer morre em 20 de dezembro de 1944 no campo de concentração Neuengamme.
Retorno de um ex-prisioneiro à estação de trem de Amsterdã.
Após a libertação nos campos de concentração e da rendição da Alemanha, os sobreviventes voltam com esperança de reencontrar seus familiares.
“Desconheço o paradeiro de Edith e das meninas. Nós nos separamos em 05 de setembro de
1944. Eu somente ouvi dizer que elas foram transportadas para a Alemanha.”
[ Otto Frank
]
Otto escreveu este texto para sua mãe na Basiléia em 23 de fevereiro de 1945. Por acaso, ele sobreviveu à Auschwitz. Ele foi um dos poucos encontrados ainda com vida pelos soldados russos. Depois que se fortalece, ele inicia sua viagem de volta à Amsterdã. A viagem de volta leva quatro meses, porque em muitos lugares na Europa ainda há combates. Ele fica sabendo durante essa longa viagem que Edith havia falecido, mas de suas filhas ele não sabe nada e espera que ainda estejam vivas.
“Aos poucos, pequenos grupos retornavam de diferentes campos de concentração e eu sempre
tentava, através deles, saber algo a respeito de Margot e Anne. Finalmente encontrei duas irmãs,
que estiveram com elas em Bergen-Belsen. Elas me contaram sobre os terríveis últimos dias e a
morte das minhas filhas. As dificuldades que elas tiveram que suportar, as debilitou de tal
forma que o tifo acabou prevalecendo.”
[ Otto Frank ]
Otto Frank no escritório no Canal Prinsengracht em 1954. No seu braço pode se ver, tatuado, seu número de identificação do campo de concentração.
Otto é um homem quebrado. Miep Gies, que guardou por todo esse tempo as folhas do diário, entrega-as para Otto e diz: “esta é a herança da sua filha Anne.”. Primeiro Otto não aguenta ler o diário. Sua tristeza é grande demais. Mas, quando depois de certo tempo ele começa a ler, não consegue mais parar. “Das folhas deste diário surge diante de mim uma Anne muito diferente da filha que eu havia perdido. Eu não fazia ideia da profundidade de seus pensamentos e sentimentos.”
Otto Frank datilografa um trecho do diário e deixa sua família e alguns amigos lerem. Eles acham que ele deve editá-lo.
Dois anos após a guerra, em junho de 1947, surge o diário de Anne Frank, sob o título que ela mesma havia inventado: “O Anexo Secreto”. A primeira edição esgotou rapidamente. Em pouco tempo aparecem novas edições. Editoras estrangeiras também demonstram interesse pelo diário.
“Meu maior desejo é me tornar uma jornalista e mais tarde, uma escritora famosa. De
qualquer maneira, após a guerra, eu gostaria de publicar um livro intitulado “O Anexo
Secreto”.Se vai dar certo ainda não sei, mas, meu diário poderá servir como base para
isso.”
[ Anne Frank ]
Em 1955, o diário vira peça de teatro. Um grande sucesso. O filme que depois é feito também atrai salas cheias em todo mundo.
Milhões de pessoas leem o diário e ele é traduzido para mais de 60 línguas. Ruas e escolas de vários países são batizadas com o nome de Anne Frank.
Muitos querem ver com os próprios olhos onde Anne escreveu seu diário. O Anexo vira um museu. Otto Frank quer mais do que apenas mostrar o Anexo para as pessoas: ele cria uma fundação educativa.
Otto Frank pouo antes da abertura da Casa Anne Frank.
Otto Frank falece aos 91 anos, em 1980. Um ano antes da sua morte ele diz em uma entrevista: “Eu estou com quase noventa anos e lentamente vou perdendo as minhas forças. Porém, a tarefa que Anne me deixou renova as minhas energias e me dá forças para lutar pela reconciliação e direitos humanos em todo o mundo.”